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Distúrbios do Sono afetam a Saúde Física e Mental

O ser humano passa um terço de sua vida dormindo, esse comportamento fisiológico gerado por regiões específicas do cérebro é fundamental para a saúde e bem-estar das pessoas. Não dormir o suficiente traz prejuízos à concentração, memorização e raciocínio, além de aumentar o risco de desenvolver depressão, obesidade, hipertensão, Alzheimer, problemas cardiovasculares e outras doenças. E para alertar sobre os males que a privação do sono pode causar, a Organização Mundial de Saúde instituiu o Dia Mundial do Sono, celebrado no dia 19 de março.

Uma estimativa da Associação Mundial de Medicina do Sono aponta que 45% da população mundial é afetada por distúrbios de sono, um problema de saúde que acomete pessoas de qualquer faixa etária, desde crianças a idosos. No Brasil, dados de uma pesquisa realizada com mais de 6 mil pessoas pela Associação Brasileira do Sono (ABS) mostraram que o brasileiro dormiu em média 6h24 em 2019, uma redução de 12 minutos em relação a 2018 (6h36).

As noites mal dormidas podem ser ocasionadas por hábitos simples e comuns no dia a dia, mas prejudicam a dinâmica e as camadas do sono, tais como refeições “pesadas” nas três horas que antecedem o início do sono, cochilos durante o dia, exercícios físicos vigorosos seis horas antes dormir, uso de bebidas alcoólicas, tabagismo, ingestão de cafeína ou outros estimulantes. Deve-se evitar realizar atividades na cama como trabalhar ou assistir TV, pois ocasionam um estado de alerta prolongado.

O neurologista do Instituto Neurogenesis, Paulo Silva, explica que o sono é importante na consolidação das memórias e do aprendizado, organizando as informações apreendidas e também possui função de economia de energia. “Os distúrbios do sono podem gerar aumento do risco cardiovascular, a depender do distúrbio apresentando, como a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, que além de dificultar o aprendizado, afeta a consolidação e associações de memórias. Os distúrbios físicos, mentais e emocionais (humor, ansiedade, irritabilidade) também são consequências geradas pela insônia em geral”, afirma.

A ansiedade, o estresse, a alteração na rotina, o medo e a preocupação com o futuro, ocasionados pelo cenário de pandemia do vírus Sars-CoV-2, afetaram de forma significativa o sono das pessoas em 2019. Desde o início da pandemia, 41,7% dos brasileiros relatam distúrbios do sono, segundo um estudo realizado pelo Ministério da Saúde com mais de 2 mil participantes.

“Infelizmente a pandemia trouxe um impacto negativo na qualidade do sono das pessoas, pois as apreensões desse momento podem resultar em piora ou funcionar como gatilhos de sintomas psiquiátricos, como depressão e ansiedade”, explicou Paulo Silva.

As principais queixas relacionadas à qualidade do sono “são a insônia, a síndrome das pernas inquietas, síndrome da apneia obstrutiva do sono (caracterizado por roncos, microdespertares e sonolência diurna), parassonias do sono (sonambulismo, bruxismo e terrores noturnos) e distúrbios do ciclo circadiano, caracterizado pelas irregularidade do ritmo vigília-sono. Existem, ainda, os distúrbios que geram hipersonias; isto é, o aumento do sono, sendo a mais comum a narcolepsia (ataques repentinos de sono).

Diagnóstico e Tratamento

O principal exame para auxiliar no diagnóstico dos distúrbios do sono é a polissonografia, em que são fixados eletrodos no couro cabeludo e no corpo do paciente, além de um sensor no dedo, para que durante o sono sejam analisados os parâmetros que permitem detectar as alterações suspeitas.

Há diversas opções de tratamentos, medicamentosos ou não. O tratamento depende do distúrbio do sono, pode englobar desde terapia cognitivo-comportamental, medicamentos ou até mesmo o uso de aparelhos para auxiliar na respiração, como CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) e BiPAP (BI-level Positive Airway Pressure).

“Muitas das opções terapêuticas são medicações com diversos efeitos colaterais, portanto é necessário consultar um médico especialista em sono (neurologista, otorrino, pneumologista) para o melhor acompanhamento e prescrição do arsenal terapêutico”, adverte o neurologista.

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