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Purple Day: Campanha Mundial Conscientiza sobre a Epilepsia e Debate Preconceitos

Presenciar uma crise epiléptica pode ser uma situação assustadora para algumas pessoas. A falta de conhecimento da sociedade e a forma como a doença neurológica se manifesta, criaram a crença de ser uma doença contagiosa, uma possessão demoníaca ou até mesmo fingimento. A necessidade de conscientizar sobre esta doença neurológica crônica instituiu o Purple Day, ou “Dia Roxo”, o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia, celebrado nesta sexta-feira(26).

A epilepsia acomete pessoas de todas as faixas etárias, porém é mais frequente na primeira infância devido às complicações relacionadas ao parto e após os 60 anos por causa de tumores e do Acidente Vascular Cerebral. Aproximadamente 50 milhões de pessoas vivem com essa condição no mundo. Em média, de 1,5 a 2% da população brasileira sofre de epilepsia, cerca de 3 a 4 milhões de pessoas. No Pará, estima-se uma média de 120 a 160 mil indivíduos com a enfermidade.

Não existe uma causa definida, é multifatorial. A pessoa nasce com algum nível de predisposição genética ou entra em contato com determinados fatores ambientais, como uso de drogas, traumatismo cranioencefálico, infecções do sistema nervoso, falta de oxigênio no cérebro, tumores, AVC e várias outras doenças. Os diversos fatores que atuam em conjunto contribuem para o desenvolvimento desta disfunção neurológica.

Segundo o neurocirurgião do Instituto Neurogenesis e especialista no tratamento de epilepsia, Francinaldo Gomes, em torno de 70% dos pacientes ficam sem crises com o tratamento medicamentoso. Ele explica que existem vários tipos de medicações, algumas são usadas para bloquear os níveis de sódio e outras atuam como agonistas de neurotransmissores inibitórios. “Os anticonvulsivantes ou fármacos antiepilépticos reduzem a excitabilidade do tecido cerebral doente. Para os 30% que não respondem aos medicamentos, existe a cirurgia ou terapias alternativas”, afirma.

Quando um paciente toma dois ou mais medicamentos, em dose máxima, por um período de tempo adequado e as crises persistem, o médico deve considerar um procedimento cirúrgico, inclusive com uso de neuroestimuladores, e também as terapias alternativas. Dentre elas, a terapia com canabidiol, um medicamento à base da Cannabis Sativa.

“Inclusive para alguns tipos de epilepsia como a Síndrome de Dravet e a Síndrome de Lennox Gastaut, é comprovada cientificamente a eficácia do canabidiol. Existem outras terapias como a dieta cetogênica que ajuda crianças com doenças como a esclerose tuberosa e que desenvolvem a Síndrome de West”, menciona.

Os avanços no tratamento permitiram a redução do sofrimento causado pelo estigma e enganos da sociedade. Nos últimos dez anos, foram introduzidos 14 novos medicamentos, a evolução da área da anestesiologia contribuiu para a realização de cirurgias, exames de imagem como ressonância magnética revolucionaram o diagnóstico das lesões que causam epilepsia. Ademais, a terapia com canabidiol tem se mostrado eficaz para várias pessoas.

“Ao reduzir a inflamação no cérebro, o canabidiol facilita a regeneração dos neurônios lesados e atua como poderoso protetor de mortes de mais neurônios. Durante uma crise, muitos neurônios morrem, mas podem ser substituídos por novos com o uso da substância. Esses avanços são muito promissores, tanto no diagnóstico quanto no tratamento dos pacientes para que possam ter uma melhor qualidade de vida”, ressalta Francinaldo Gomes.

Crises convulsivas acompanham outros sintomas

Em relação às crises convulsivas, principal manifestação da epilepsia, são causadas por uma hiperexcitabilidade do tecido cerebral decorrente de alguma lesão ou alteração. Quando essa hiperexcitabilidade acontece, se propaga para determinadas regiões do cérebro dando origem às crises. Existem crises chamadas de focais que atingem áreas específicas do cérebro e as crises generalizadas que atingem os dois lados do cérebro de uma só vez.

Além das crises, a pessoa com epilepsia pode manifestar outros sintomas, como ansiedade, dificuldade de memória, atenção e aprendizado, insônia, irritabilidade e agitação. O diagnóstico é realizado por meio da análise da história do paciente e da descrição das crises. As pessoas perdem a consciência durante uma crise, não lembram do que aconteceu, é necessário que um familiar ou uma pessoa que acompanhou a crise informe os detalhes da mão, boca e olhos durante o evento.

“Uma vez caracterizada a crise são realizados exames de imagem, tais como a ressonância magnética e os exames eletrofisiológicos, principalmente o eletroencefalograma para ajudar a caracterizar a doença e determinar a causa. Para alguns pacientes são solicitados exames especiais, como a ressonância magnética funcional, o Pet-Scan ( tomografia por emissão de pósitrons) e para outros é necessário o vídeo eletroencefalograma monitorado por uma câmera durante 72h a fim de localizar exatamente a parte do cérebro que origina a crise.

É possível levar uma vida bem próxima do normal, dependendo do tipo de epilepsia, da idade e da causa. Existem alguns tipos que provocam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor que podem prejudicar a fala e a memória. Mas a maioria dos pacientes podem contribuir com a sociedade, com autonomia e participação no mercado de trabalho, desde que seja feito o tratamento e acompanhamento adequados e, principalmente, que a família e as pessoas em volta estejam envolvidas no cuidado.

Ainda existe o preconceito, muitos têm medo, sobretudo por conta da imprevisibilidade e do aspecto físico alterado durante a crise. Contudo, a popularização da internet permite que as pessoas entendam melhor a doença. Não é contagiosa, ninguém passa por aquilo porque quer. “Precisamos avançar, mas estamos caminhando para um melhor entendimento da doença e o melhor relacionamento com as pessoas que têm epilepsia. Não deixe de socorrer um ser humano, a omissão de socorro pode levar a pessoa à morte”, enfatiza o especialista do Instituto Neurogenesis.

Fonte: Neurogenesis Instituto de Neurociências

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