Quem diria que os robôs seriam capazes de absorver palavras extraídas da internet e transformá-las em texto? O sistema GPT-3, da empresa OpenAI, já consegue emitir 4,5 bilhões de palavras por dia a uma velocidade nunca antes sonhada pelos seres humanos — pelo menos não por aqueles acostumados a escrever diariamente.
O GPT-3 é o gerador de textos mais utilizado no mundo. Segundo a OpenAI, ele está presente em mais de 300 aplicativos diferentes, executando tarefas como identificar temas de pesquisas, criar diálogos entre você e aqueles robôs irritantes dos chats ao vivo ou gerar os famosos “tíquetes de help desk” sem a presença de um atendente de carne e osso.
O sistema da OpenAI, um empresa de pesquisa e desenvolvimento em inteligência artificial cofundada por Elon Musk, tem base em aprendizagem de máquna e, graças a um banco de dados de 175 bilhões de parâmetros, pode escrever os mais variados tipos de textos, sob os mais variados gêneros e assuntos.
O potencial desse sistema é imenso, já que a retroalimentação de sua base de dados é constante e a capacidade de reprodução de linguagens complexas é praticamente infinita. O GPT-3 não se limita à compilação de palavras e expressões idiomáticas, e essa habilidade de produzir conteúdo original mostra que sua utilização é vasta e pode ser aplicada a basicamente qualquer campo que se baseie em referência textuais.
Dá para confiar?
Como em toda revolução tecnológica, questões éticas são levantadas na mesma velocidade com que surgem mais evidências da autonomia das inteligências artificiais. Como ter certeza de que o GPT-3 não vai absorver e assimilar conteúdos preconceituosos ou racistas, por exemplo?
Toda inteligência artificial funciona porque uma pessoa “ensinou” ao algoritmo como ele deve proceder. No caso do GPT-3, uma série de informações foi inserida por programadores humanos para mostrar ao algoritmo como ele deve escrever os textos.
A exposição a todo e qualquer tipo de informação que circula pela internet pode deixar os robôs suscetíveis a erros de interpretação. Em testes feitos com um bot de chat para fins médicos que foi construído com base no GPT-3, ao “conversar” com um paciente falso, o robô o encorajou a cometer suicídio. É claro que a experiência foi feita em um ambiente controlado, com uma pessoa sem tendências suicidas de verdade, mas fica o alerta para possíveis erros que podem ser cometidos pelos algoritmos que ainda não contam com a sensibilidade de um ser humano.
Aprendizado leva tempo
O GPT-3 funciona como todo cérebro orgânico. Ele recebe informações, processa, armazena e utiliza quando necessário. A diferença é que a base de alimentação que abastece esse aprendizado é muito maior, mais diversa e muda constantemente.
É bem provável que mais cedo ou mais tarde as máquinas vão acabar definindo o nosso futuro e o modo como chegaremos até lá. Regular e aperfeiçoar os mecanismos de aprendizagem das inteligências artificiais pode tornar o processo mais transparente e menos passível de erros.
A OpenAI tem um acordo de exclusividade com a Microsoft, mas qualquer empresa interessada em robôs geradores de texto por meio de IA pode se inscrever para ter acesso à API do GPT-3. Resta saber se estamos prontos para viver em um mundo dominado por “produtores” de textos que ainda não aprenderam a lidar com essa quantidade interminável de palavras e seus significados.
Fonte: OpenAI