Um novo estudo realizado nos Estados Unidos apresentou dados surpreendentes sobre a relação entre a atividade neural, o fluxo de sangue no cérebro e o consumo de sal. Os resultados mostraram que o fluxo sanguíneo do cérebro acaba sendo bastante afetado quando há muito consumo de sal.
A ativação dos neurônios causa um rápido aumento do fluxo sanguíneo naquela determinada área. Essa relação é chamada de acoplamento neurovascular ou hiperemia funcional e ocorre por meio da dilatação dos vasos sanguíneos do cérebro, as famosas arteríolas.
Conhecemos a superfície:
Alguns exames de imagem usam o acoplamento neurovascular para diagnosticar distúrbios cerebrais. Porém, no geral, o foco é em áreas superficiais do cérebro, como o córtex cerebral.
Além disso, os cientistas costumam examinar principalmente as mudanças no fluxo sanguíneo em resposta a estímulos sensoriais vindos do ambiente, como estímulos visuais ou auditivos. Por conta disso, pouco se sabe sobre esse processo em áreas mais profundas do cérebro.
Desconhecemos a profundidade:
O desconhecimento sobre as mudanças no fluxo sanguíneo em regiões mais profundas do cérebro causa um desconhecimento em relação a como esses princípios se aplicam aos estímulos do próprio corpo, que são conhecidos como sinais interoceptivos.
Para tentar ter uma luz, a equipe de pesquisa se concentrou no hipotálamo, uma região profunda do cérebro envolvida em funções corporais críticas. Entre as ações controladas pelo hipotálamo estão: comer, beber, regular a temperatura do corpo e a reprodução.
Os pesquisadores, então, examinaram como o fluxo sanguíneo que vai para o hipotálamo reagiu à ingestão de sal. Essa escolha se deu pela necessidade que o corpo tem de controlar os níveis de sódio, sendo que temos até células específicas para esse controle.
Reação ao sal:
Quando ingerimos uma comida rica em sal, nosso cérebro percebe e ativa uma série de mecanismos compensatórios para reduzir os níveis de sódio. Esse processo é feito, em parte, pelos neurônios, que liberam um hormônio chamado vasopressina, que tem função diurética.
A vasopressina tem um papel fundamental na manutenção da concentração adequada de sal no corpo. As observações anteriores, mostraram um aumento no fluxo sanguíneo diretamente proporcional à atividade dos neurônios, porém, quando se trata do hipotálamo, a coisa muda de figura.
Resultados surpreendentes:
Os pesquisadores foram pegos de surpresa ao perceberem que, diferente do que acontece no córtex, o hipotálamo tem uma diminuição no fluxo sanguíneo quando os neurônios são ativados. No córtex, a redução do fluxo sanguíneo representa distúrbios cerebrais, como o Alzheimer.
Outra diferença entre o córtex e o hipotálamo, é que na região mais profunda do cérebro as respostas aos estímulos acontecem de maneira mais lenta e difusa, por um longo período de tempo. Já no córtex, os estímulos são bastante rápidos e localizados.
De acordo com os pesquisadores, o consumo de altas quantidades de sal faz com que os níveis de sódio permaneçam elevados por um longo período. Essas descobertas levantam questões importantes sobre como a hipertensão arterial pode afetar o cérebro.