INSTITUTO AVC DA AMAZÔNIA

O cérebro humano, uma maravilha da evolução, é frequentemente comparado a supercomputadores por sua capacidade de processar e interpretar uma vasta gama de informações. Enquanto supercomputadores podem superar os humanos em tarefas estruturadas como xadrez e cálculos complexos, as capacidades do cérebro em interpretar eventos, usar imaginação, criatividade e habilidades de resolução de problemas são inigualáveis. Essa potência única do cérebro é amplamente atribuída ao uso de neurônios e suas conexões intrincadas, que trabalham juntos para processar informações de maneiras complexas.

Uma área significativa de intrigas na neurociência é o fenômeno da consciência. Isso continua sendo uma pergunta em grande parte sem resposta, com cientistas se esforçando para entender como a consciência emerge da interação aparentemente caótica de neurônios e sinapses. Esses componentes, embora complexos, são essencialmente uma rede de moléculas e impulsos elétricos. A busca por desvendar esse mistério levou alguns pesquisadores a hipotetizar que processos quânticos, como o emaranhamento, podem desempenhar um papel crucial na explicação das extraordinárias capacidades do cérebro, incluindo sua geração de consciência.

Gravidade Quântica e Emaranhamento na Neurociência

Desenvolvimentos recentes na neurociência sugeriram a presença de mecanismos quânticos dentro do cérebro. Esses mecanismos poderiam ser instrumentais no processamento de entradas sensoriais pelo cérebro e na interpretação do mundo externo. Por exemplo, o comportamento de certos isótopos no cérebro, como o xenônio com diferentes rotações nucleares, pode influenciar as reações corporais, como visto em suas propriedades anestésicas ou nos efeitos variados dos isótopos de lítio no comportamento dos ratos. Apesar dessas descobertas intrigantes, o consenso científico predominante ainda vê o cérebro como um sistema predominantemente clássico.

O desafio está em observar e entender esses processos quânticos, principalmente devido à dificuldade em identificá-los e medi-los. Christian Kerskens, um pesquisador em neurociência no Trinity College Dublin, destaca esse desafio, apontando para a natureza única das potenciais operações quânticas no cérebro, que podem diferir significativamente dos sistemas atômicos conhecidos. Isso levanta a questão de como medir um sistema quântico desconhecido, especialmente na ausência de equipamentos adequados para detectar e analisar essas interações misteriosas.

O campo da gravidade quântica fornece um contexto paralelo, representando outro domínio da física quântica onde muito ainda é desconhecido. A gravidade quântica visa unificar os diversos domínios da física microscópica, que lida com partículas e ondas, e o domínio macroscópico da gravidade, que governa o movimento planetário e estelar. Ao estudar a gravidade quântica, os cientistas esperam obter insights sobre as forças fundamentais que moldam o universo. As abordagens metodológicas na pesquisa de gravidade quântica influenciaram as técnicas usadas na exploração de processos quânticos no cérebro.

O Estudo do Trinity College e Suas Implicações

Pesquisadores do Trinity College Dublin empregaram uma abordagem inovadora usando tecnologia de ressonância magnética capaz de detectar emaranhamento. Seu estudo concentrou-se em determinar se as rotações de prótons no cérebro poderiam se emaranhar através de um intermediário desconhecido, espelhando as técnicas usadas na pesquisa de gravidade quântica. O experimento envolveu a realização de exames de ressonância magnética em 40 indivíduos e a observação de correlações entre a atividade cerebral e os batimentos cardíacos.

O coração não é apenas um órgão físico, mas está intrinsecamente conectado ao cérebro por meio de uma comunicação bidirecional. Essa conexão é evidente na resposta do coração a vários estímulos, como dor e atenção, e sua influência na memória de curto prazo e no envelhecimento. Durante o estudo, os pesquisadores observaram que cada pico no potencial de batimento cardíaco (HEP) correspondia a um aumento no sinal de RNM, indicando interações entre as rotações de prótons. Esse padrão sugere a possibilidade de emaranhamento facilitado por um intermediário não clássico.

Um aspecto intrigante deste estudo foi a ligação observada entre a consciência e o sinal de emaranhamento. Kerskens observa que o sinal de emaranhamento, indicativo de possíveis processos quânticos, estava presente apenas durante a consciência. Isso foi destacado quando dois sujeitos adormeceram durante a RNM, resultando no desaparecimento desse sinal. Tais descobertas sugerem que o cérebro opera não apenas como um sistema clássico, mas possivelmente como um sistema quântico.

Se esses resultados forem validados, eles poderiam representar um avanço significativo em nossa compreensão do funcionamento do cérebro e da consciência. A demonstração da presença de processos quânticos no cérebro poderia fornecer insights sobre os mecanismos por trás dos complexos cálculos do cérebro e de sua gestão da consciência. Essa pesquisa poderia abrir caminho para um novo paradigma na compreensão do cérebro humano, combinando os domínios da neurociência e da física quântica.

FONTE: FREE THINK

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