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Parkinson: tratamento ajuda a retardar a progressão da doença neurodegenerativa

A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo. O distúrbio progressivo afeta, principalmente, as pessoas na terceira idade, porém pode acometer os mais jovens entre os 30 e 40 anos. É caracterizado por alterações motoras, especialmente tremor, rigidez e lentidão na execução de movimentos. Em geral, inicia somente em um lado do corpo e, gradualmente, progride para o lado oposto e aumenta de intensidade, dificultando que o paciente execute atividades da vida diária.

No Brasil,  não existem estatísticas oficiais, contudo estima-se uma prevalência da doença em 3% da população com 60 anos ou mais. O especialista em neurocirurgia funcional do Instituto Neurogenesis, Mauro Almeida, explica que os sintomas estão associados principalmente ao déficit no sistema nervoso central (SNC) de um neurotransmissor chamado dopamina.

“Ocorre uma degeneração com perda da maior parte da população de neurônios que produzem dopamina em uma região do sistema nervoso central chamada substância negra.  Porém, sabe-se que esse processo degenerativo não se restringe a essas células e as vias nervosas com elas associadas. Os avanços em biologia molecular demonstram um processo mais difuso de neurodegeneração do que se imaginava, esse conhecimento pode vir a fornecer novas ferramentas de tratamento”, acredita o especialista.

As manifestações mais presentes são motoras, desde as fases iniciais até o avanço da doença, ainda que em grau variável. Segundo Mauro Almeida, outros  sinais e sintomas podem surgir com o passar do tempo, como movimentos exagerados e sem propósito que se devem a oscilações da resposta do sistema nervoso à medicação, chamados de discinesias. 

“O paciente pode apresentar muita dificuldade para iniciar movimentos automáticos, sobretudo a marcha, assim como a instabilidade postural com aumento da probabilidade de quedas, uma espécie de ‘congelamento’ ou freezing em inglês. Implica em um grande risco na faixa etária da maioria dos pacientes acometidos pela doença”, informa.

Ele ressalta que a doença não afeta somente os movimentos, existem manifestações não motoras como insônia e alterações de função gastrointestinal que muitas vezes ficam relegadas a segundo plano no cuidado do paciente, mas fazem grande diferença na qualidade de vida. As complicações podem limitar a rotina e a independência, quanto mais cedo o diagnóstico, melhor para amenizar os sintomas.

A ressonância magnética funcional e o doppler transcraniano trouxeram resultados animadores, contudo o diagnóstico da Doença de Parkinson ainda é essencialmente clínico, por meio da consulta médica e exame físico, sobretudo neurológico. São realizados exames complementares a exemplo da ressonância magnética do crânio para descartar outras enfermidades que podem ter apresentação clínica parecida a fim de se fazer o diagnóstico diferencial.

Nos últimos anos, houve avanços na tecnologia usada para a estimulação cerebral profunda – principal modalidade cirúrgica no tratamento da doença- que permite modular as áreas alvo com maior precisão.  A evolução da fisioterapia com modalidades de atuação cada vez mais especializadas no manejo do paciente parkinsoniano, bem como a maior integração da neuropsicologia às equipes multidisciplinares contribuíram para avaliações detalhadas dos aspectos cognitivos do paciente que antes não eram possíveis. Entre os medicamentos, são estudados o uso de canabinóides como novos potenciais terapêuticos.

Apesar do conhecimento das vias celulares e moleculares do processo degenerativo da doença de Parkinson, ainda não se conhecem métodos profiláticos específicos. Entretanto, estudos apontam que hábitos saudáveis, incluindo bom sono, atividade física regular e dieta equilibrada e saudável podem vir a minimizar o risco de doenças degenerativas em geral.

Sem cura, tratamento promove qualidade de vida

O tratamento não visa a cura, uma vez que a causa não é desconhecida, mas busca retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. O portador da Doença de Parkinson necessita de tratamento não somente medicamentoso orientado em acompanhamento neurológico regular, mas também de atenção de outras áreas essenciais na reabilitação e minimização dos impactos da doença, como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, psiquiatria e neuropsicologia, conforme explica o especialista do Instituto Neurogenesis.

“A complexidade do tratamento aumenta conforme a progressão da doença, tanto em termos de esquema medicamentoso como no envolvimento de mais profissionais na equipe multidisciplinar. Em alguns desses casos pode haver necessidade de tratamento cirúrgico, que quando bem indicado e associado às demais medidas de tratamento tem grandes chances de reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do enfermos”, esclarece.

Mauro Almeida evidencia que apesar do tratamento não ser curativo e o acesso, muitas vezes, difícil, o acompanhamento especializado e regular é sem dúvida a melhor opção para manter-se ativo e ter autonomia para as atividades do dia a dia. “Também é indispensável o envolvimento das famílias no processo. A partir do momento do diagnóstico, paciente e família sofrem grande impacto, a manutenção de um ambiente doméstico tranquilo e de apoio são a base para o sucesso do tratamento”.

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