A empresa Neuralink, apresentada por Elon Musk, vai começar este ano com seus implantes cerebrais em voluntários humanos. Contudo, muitos cientistas possuem dúvidas sobre a bioética do experimento, sua segurança, uso de dados e futuro dos chips implantados quando o teste terminar.
No entanto, para o The Daily Beast, Laura Cabrera, especialista em neuroética da Universidade Estadual da Pensilvânia, se pergunta se será possível remover os implantes sem danificar o cérebro. “Se der errado, não temos a tecnologia para ‘explantá-los’.” Além de perguntas como: qual é a vida útil do chip? A Neuralink oferecerá atualizações para os participantes posteriormente?
Já para Karola Keritmair, professora assistente de história médica e bioética da Universidade de Wisconsin-Madison, futuros spinoffs comerciais são problemáticos. “Eu me preocupo com um casamento desconfortável entre uma empresa com fins lucrativos e essas intervenções médicas que esperamos que estejam lá para ajudar as pessoas. A Neuralink diz que está desenvolvendo seu implante para ajudar pessoas com deficiência, mas o mercado é bem pequeno, o que pode trazer problemas de lucratividade.”
O dispositivo de interface neural direta pode ser de interesse do público para controlar dispositivos com o cérebro, como, por exemplo, dirigir um carro da Tesla com o pensamento. Contudo, há o problema de utilizar pessoas com necessidades reais para ganho comercial de outra pessoa, segundo L. Syd Johnson, do Centro de Bioética e Humanidades da Suny Upstate Medical University.
Ele também tem dúvidas quanto aos objetivos da empresa “ se a Neuralink de Elon Musk alegar que poderão usar seu dispositivo para fins terapêuticos para ajudar pessoas com deficiência, estão fazendo promessas irreais porque estão longe de ter a capacidade. “
O que acontecerá com os dados coletados?
Além disso, os cientistas também estão preocupados sobre o que vai acontecer com os dados no caso de uma aquisição da Neuralink. Ou, o que aconteceria se o dispositivo fosse hackeado? Com certeza, teriam consequências devastadoras para o indivíduo.
Os cientistas que levantam essas perguntas não são necessariamente contra a tecnologia, mas são cautelosos quanto aos possíveis abusos que o projeto pode vir a ter. Não se pode negar que o implante possui o potencial de mudar a vida de pessoas paralisadas, e a empresa de Elon Musk não é a única a trabalhar em interfaces neurais.
FONTE: SOCIENTIFICA